sexta-feira

Que doce bem salgado. Mas por quê o sorriso se abriu de tal maneira que iluminou algo obscuro lá de dentro? Talvez não houvesse alguma explicação lógica para tal feito, sem nada de praxe. Mas não estava procurando uma. Seu caso era apenas mais um toque de interesse, pra fugir da rotina. Gosto de açúcar com sabor de sal. Conseguiria retornar ao presente, mas de que adianta um ser inválido ocupando espaço em uma cama, com pernas gordas  e coração pulsante? Não era mais que um objeto, um objeto de interesse, quem sabe. Aos poucos suas pálpebras retornaram ao foco. Os olhos? Cegos na claridão. Pessoas chegavam e ele se sentiu um bicho de zoológico. Seria a atração principal? Naquele tédio de dia, podia até ser. Mas ninguém sentia a euforia que ele carregava no peito. E ela crescia, e lentamente seus dedos começaram a se movimentar. Mais pessoas chegavam e admiravam pasmas o acontecido. Sua cabeça latejou, e era como se fosse explodir. Rupturas se abriam e o líquido vermelho escarlate escorreu em suas veias. Formigou tão forte que, por um segundo, pensou que perderia seus membros pela segunda vez. Mas com um baque tudo cessou. Seus olhos se fecharam, mas agora por vontade própria. Sua retina havia se desacostumado com a claridade do dia. Não se importou. Levantou da cama e seu inchume havia se dissipado. Abriu os olhos e caminhou, provando a todos que havia retornado.

Um comentário:

  1. Como quando um licantropo sente a lua sumir e a pele de lobo cai aos poucos e a forma natural aparece.
    Lindo.

    Beijo

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Estudante de Administração de empresas, apaixonada por livros, cores e músicas. Começou no mundo literário escrevendo contos de suspense. Possui a arte como hobby. Desenhista, pintora, escritora e sonhadora.