domingo

Tão fácil assim mas não tão compreensível. Claro que não era comum o seu caso, mas deixava sua mente vagar ao encontro dos verdes e belos campos por onde passou. Sabia que alheio ao mundo não tirava nenhum proveito da magnitude deste horizonte tão longo a sua frente, mas apenas sorriu como lembrando da vida que tinha antes. Tão doce, esplendorosa. O sol se punha à altura de seus olhos, parecia que estava se vendo livre das chagas. Puro, imaculado. Puxou o charuto com uma das mãos, um anjo não tem vícios, pensou e seus lábios se abriram num riso sem graça. Poderia dar um fim nisso tudo, mas era no mínimo instigante chantagear a morte. Incomum, talvez indelicado. Apontou o grande foco de luz e calor à sua frente, agora quase dissipando-se. Aurora, aurora boreal? Talvez. Hoje era um dia anormal, levantou com os pés no chão e nenhuma dor rotineira percorreu seu corpo. Seria um aviso, mas um alerta não poderia representar alguma coisa boa. Imprevisível, se perguntou se o brilho irradiado pelo sol não teria acabado com sua dor. Ser majestoso, ó sim. Perfeitamente cuidadoso, as baforadas já estavam no fim, charuto acabando. Era simples entender que um ser tão poderoso como o sol também pudesse ser capaz de curar quando ao seu encontro. E foi o que ele fez, o dia inteiro na presença dele. A insolação já afetava todos os sentidos. O sol retribuiu, trazendo-o para perto de si, lá no alto. Sarcástico, talvez místico. A lua começava a tomar conta, esfriando o corpo ensolarado no chão.

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Estudante de Administração de empresas, apaixonada por livros, cores e músicas. Começou no mundo literário escrevendo contos de suspense. Possui a arte como hobby. Desenhista, pintora, escritora e sonhadora.